terça-feira, 10 de março de 2009

MANIFESTO CONTRA EXCOMUNHÃO

MANIFESTO CONTRA A EXCOMUNHÃO DA EQUIPE MÉDICA E MÃE DA MENOR QUE REALIZOU ABORTO LEGAL, POR SER VÍTIMA DE ESTUPRO

Prezados Cidadãos Brasileiros,

este é um momento no qual não podemos nos calar!

Todos sabemos que o Arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho excomungou em rede nacional a mãe da menina de 9 anos (que era estuprada pelo padrasto e estava grávida de gêmeos), por ter autorizado o aborto legal; bem como excomungou TODA A EQUIPE MÉDICA que efetuou o procedimento legal.

Isto é vexatório, arcaico, escorchante e uma afronta ao Estado Democrático de Direito, bem como à Lei e Ordem da República Federativa do Brasil.

A Igreja não tem nada a ver com tal decisão médica e familiar, deveria sim estar presente prestando assistência espiritual a esta família e não "retirando-os arbitrariamente do seio da sua religião e sua fé".

- Que Deus é este que o Arcebisto diz representar? - Certamente não é o Meu! - Certamente não é o Deus da maioria dos bons cristãos!

Não podemos nos calar como sociedade, aceitando tal conduta.

Precisamos nos manifestar, protestar, dizer que não aceitamos e prestar nossa solidariedade à esta família que além do drama que já estava sofrendo, agora ainda tem que lidar com esta agressão moral realizada pelo representante do vaticano em Olinda e Recife.

Também não podemos aceitar que a Igreja não se pronuncie (independente de sermos católicos ou não). O silêncio neste momento não deve ser respeitado, sinaliza concordância da Igreja (como em inúmeros outros fatos históricos aos quais a Igreja silenciou).

Alguma autoridade precisa nos dizer se este realmente é o pensamento e ideologia oficial da Igreja Católica. Isto é devido à sociedade e a seus fiéis.

Independentemente de discussão religiosa, propomos aqui uma ação social-política de solidariedade, incorformismo e solicitação de esclarecimentos.

Propomos a relevência da Lei Brasileira e a preservação da privacidade, liberdade e dignidade do ser humano (Garantias estas Constitucionais).

A opinião deste Arcebispo não pode ser maior, nao pode falar mais alto, do que o Correto, o Legal, o Prudente, enfim, sobre todos os Direitos de Vida Sadia que esta menor de 9 anos tem! (inclusive de exercer culto ou religião livremente). Não podemos aceitar que a Igreja diga querer preservar uma vida em detrimento de outra (no caso a menina que corria risco de vida, por ser uma CRIANÇA gerando gêmeos).

Assim, criamos este MANIFESTO, como forma de protesto.

Como forma de preservar a autonomia do Estado, como forma de demonstrar que não queremos voltar ao passado onde a Igreja ditava as regras que melhor lhe convinha em nome de Deus.

Se este é o critério de excomunhão, se o Arcepispo Dom José Cardoso Sobrinho é realmente o portavoz da Igreja e o emérito julgador dos fiéis, digo: EU TAMBÉM MEREÇO SER EXCOMUNGADA(O), e mais, quero! Quero fazer parte orgulhosamente do rol dos excomungados do Arcepisbo de Olinda, este rol que buscou somente defender e preservar a vida de uma garotinha de 9 anos. Aceito a excomunhão, visto que também acredito em métodos anticoncepcionais, como o preservativo - que além de anticoncepcional, é eficiente na prevenção da AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis - e sei que a Igreja os condena.

Assim, eu digo:
EU NÃO CONCORDO COM A EXCOMUNHÃO DADA PELO ARCEBISPO DE OLINDA E RECIFE DOM JOSÉ CARDOSO SOBRINHO À MÃE DA MENOR ESTUPRADA E DA EQUIPE MÉDICA QUE REALIZOU O ABORTO LEGAL NA MENOR - ASSINO O BLOGG COMO FORMA DE PROTESTO (CADASTRE-SE EM SEGUIDORES, SE QUISER ENVIE UM COMENTARIO - PODE SER SOMENTE COM SEU NOME E RG).

Este documento foi gerado em 10/03/2009

ESCLARECIMENTOS SOBRE O CASO

Saiba mais...

RECIFE - A equipe médica que foi excomungada da Igreja Católica na quinta-feira após a realização de um aborto em uma menina de 9 anos, que diz ter sido estuprada pelo padrasto, afirma que não está arrependida. “Graças a Deus estou no rol dos excomungados”, disse a diretora do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), Fátima Maia.

Católica, ela afirma ter agido como diretora de um instituto de referência no Estado para atendimento à mulher vítima de violência sexual, mas pessoalmente também não tem nenhum arrependimento. “Abomino a violência e teria feito tudo novamente. O Cisam fez e vai continuar
fazendo, estamos qualificados para esse tipo de atendimento há 16 anos”, disse.

Católico de batismo, não praticante, o gerente médico do Cisam, Sérgio Cabral, um dos que participaram da interrupção da gravidez de 15 semanas da criança, frisou não ter nenhum problema de consciência. “Estou cumprindo um trabalho perante a população pobre de Pernambuco que só tem o Sistema Único de Saúde para resolver seus problemas.” O médico preferiu não comentar a excomunhão da Igreja anunciada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho. Coordenadora do Grupo Curumim, uma ONG que trabalha com reprodução feminina e integra o Fórum de Mulheres de Pernambuco, Paula Viana criticou abertamente o arcebispo. "Assusta achar que a vida de uma menina vale menos que o pensamento de um religioso fundamentalista”, disse.

“Todos os procedimentos foram feitos com base na lei”, lembrou, referindo-se ao estupro e ao risco de vida que a menina corria pela imaturidade de seu aparelho reprodutivo. De acordo com a diretora do Cisam, a criança poderia ter ruptura de útero, hemorragia e bebês prematuros, além de risco de diabete, hipertensão, eclâmpsia e de se tornar estéril. A mãe da menina também foi excomungada.

Excomunhão

Nesta quarta-feira, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou os médicos envolvidos no aborto. “A lei de Deus
está acima de qualquer lei humana. Então, quando uma lei humana, quer dizer, uma lei promulgada pelos legisladores humanos, é contrária à lei de Deus, essa lei humana não tem nenhum valor”, disse o bispo.

De acordo com os médicos, a menina, que tem 1,33m e pesa 36kg, não apresentava estrutura física que sustentasse uma gravidez. Segundo eles, a paciente corria risco de morte caso a gestação continuasse.
Além disso, a legislação brasileira permite o aborto em vítimas de estupro até a 20ª semana de gestão.

“A excomunhão do arcebispo se torna irrelevante para todas nós que ajudamos no caso. É irrelevante a posição do arcebispo. Essa é uma questão que não perpassa pela religião. Os médicos agiram conforme a lei. O Estado brasileiro tem que ser respeitado. A ação do Estado não pode ser regida pela ação religiosa”, analisou Carla Batista, da ONG SOS Corpo.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou nesta quinta-feira que a decisão da Igreja Católica de excomungar os envolvidos no aborto foi “radical” e “inadequada”. Para Temporão, o ato de excomungar os envolvidos no aborto é um contra-senso diante do que aconteceu à criança.

“Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante”.

O caso

A gravidez foi descoberta no último dia 25 de fevereiro, quando a menina de nove anos se queixou de tonturas e foi levada pela mãe à Casa de Saúde São José. Exames constataram que a criança já estava na 16ª semana de gestação e que a gravidez era de alto risco por conta da idade.

A criança informou à polícia que os abusos começaram quando ela tinha seis anos de idade, e que o padrasto, de 23 anos, a ameaçava de morte caso contasse sobre os abusos a alguém. Ele foi preso quando se preparava para fugir para a Bahia. Em seu depoimento, o padrasto confessou que também abusava da enteada mais velha, de 14 anos, portadora de deficiência física.

O Ministério Público, a Secretaria Estadual de Políticas para a Mulher e as ONGs Curumim e SOS Corpo acompanham o caso e irão oferecer recursos e tratamento psicológico para as vítimas.

(Com informações do jornal "O Estado de S.Paulo" e das agências Brasil e Nordeste e ULTIMO SEGUNDO IG) - VEJA MAIS NA BARRA LATERAL DE NOTÍCIAS DOS BLOG